Como encontrar um emprego com mais de 45 anos (e por que o Linkedin não vai te ajudar)

Atualmente no Brasil, existem milhares de pessoas com mais de 45 anos que desejam encontrar um emprego. Há uma grande proporção que está desempregada faz muito tempo e, conforme os meses vão passando, a situação fica ainda mais difícil.

Embora no Brasil a crise tenha atingido de forma particularmente duradoura, os problemas de encontrar um emprego para pessoas mais velhas são comuns a todo o mundo desenvolvido. E essa discriminação é a causa de uma mudança radical na forma como as empresas entendem o trabalho. Uma mudança que nem sempre é positiva ou atende a razões práticas.

Os trabalhadores do século 20 não precisavam necessariamente ser “flexíveis”. Eles tinham habilidades e conhecimentos e eram pagos para aplicá-los. No entanto, desde a virada do milênio, difundiu-se a ideia de que os próprios funcionários devem ser empreendedores, ou seja, devem ser capazes de oferecer soluções imediatas para problemas específicos do mercado.

Os gerentes de contratação foram treinados para buscar candidatos que tenham “personalidade empreendedora”, sejam “pró-ativos” e tenham “energia”. Isso é algo praticamente improvável e provavelmente inútil na maioria das vagas, mas que deixam de fora, inconscientemente ou conscientemente, para os mais velhos. Pessoas, que não se pressupõe ter nenhuma dessas qualidades. Isso sem contar que, supostamente, podem precisar de um salário maior.

Ao tentar encontrar um emprego, a marca pessoal importa?

Para entender como funciona o mercado de trabalho atualmente, basta observar que grande parte dos conselhos dados aos desempregados com mais de 45 anos estão errados. Eles servem apenas para transferir a responsabilidade das instituições para os trabalhadores e, por sua vez, justificar serviços de coaching e portais de emprego.

Raramente os empregadores sabem vislumbrar como um candidato ou outro vai desempenhar a função para a qual se candidata. A idade é apenas uma forma de fazer um crivo injusto entre as centenas de currículos que se acumulam.

Apesar de afirmarem apostar em certas qualidades, a verdade é que os responsáveis ​​pelos departamentos de Recursos Humanos pouco se importam com o perfil do Linkedin. Aliás, pouco se importam que o candidato tenha cultivado a sua marca pessoal e acabam por contactar as pessoas a quem têm referências diretas. Ou seja, com quem é recomendado dentro da empresa.

Cultivar o que é conhecido como “elos fracos” no Linkedin – pessoas que você conhece, mas não muito bem, “amigos de um amigo” – não é muito útil para encontrar um trabalho. No entanto, é um conselho que é repetido continuamente nas oficinas de emprego.

Esse tipo de networking funcionou bem algumas décadas atrás, quando o mercado de trabalho não era tão restritivo e volátil. Ademais, quando nem a idade importava tanto para encontrar um emprego. Mas, hoje, a maioria dos empregos é encontrada por meio do contato com pessoas com quem já trabalharam. Não só colegas, mas também ex-chefes ou clientes com quem houve contato direto.

Meritocracia é notável por sua ausência

No século passado, a chave para encontrar um emprego era saber qual empresa estava contratando, por isso os laços fracos funcionavam tão bem. Hoje, a maioria dos processos são públicos, e o difícil é se diferenciar dos demais candidatos. E para isso não vale um conhecido, você precisa de alguém que fale bem de você, independente de você ter uma “personalidade empreendedora”.

No momento, o que o pessoal de RH mais valoriza é uma forte recomendação de alguém que realmente conheça o candidato como trabalhador. Alguém que possa garantir que essa pessoa representaria uma boa contratação.

Assim, o certo seria as empresas abandonarem a retórica vazia do empreendedorismo e voltar ao bom senso, ou seja, contratar a pessoa que fará melhor o trabalho. Na maioria dos processos de contratação, nem se pergunta aos candidatos que trabalho específico vão fazer, nem se avalia a sua capacidade para o fazer. Dessa forma, muitas pessoas com mais de 45 anos são excluídas do que fariam perfeitamente.

Mas até que as empresas mudem, é melhor pegar o telefone e ligar para todos com quem trabalhamos. Esses são seus melhores aliados para encontrar um emprego, não seu perfil do Linkedin.

 

Elza de S

Andréia Eliza de Souza deixou a atuação ativa na área da saúde para se dedicar à redação de artigos publicitários e jornalísticos. Buscando novas oportunidades de ampliar seus conhecimentos, transformou um trabalho ativo em fonte de pesquisa para redigir muitas das matérias que hoje publica. Por conta da função de redatora, acabou, aos poucos, com as árduas pesquisas de fontes, se dotando de múltiplas experiências e conhecimentos em finanças, mundo automobilístico, rural, do entretenimento, entre diversos outros nichos.

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